quarta-feira, 13 de abril de 2011

budismo de bigode (para nietzsche e proust): pequenas lições



I. genói hoios essí

sentir

nasces morres de milhões

de pedaços: eram serei sou

uma duna viscosa

sim! que escorre e recresce

junto dos novos grãos

novos ventos

outros corpos:

só movimento



II. madalena e chá

não precisa muito

às vezes vem uma palavra

nome

um cheiro

caco de sonho

e tomo uma rasteira certeira

as duas pernas no ar



e caio desajeitado no colo dos dias mortos

fantasmas sensuais suss

urrando no cangote

não dói mas dá

arre! pio de viver!

vontade de morrer de derrame



o aquele momento

(dito por aí (presente)) eu que respira

tem que se sustentar

como uma coluna de bolas de bocha



daquelas que meu avô joga(strike

no meio da palavra!

o presente é agora desvárias esferas

esparramadas pelo chão... (entre elas um limbo argamassa

que rejunta meu esqueleto: o passado

renasce))va!



III. eu gosto mesmo é do diabo

aurora

hora de urubu arar a carne

lavrar terra de vermes

o dia encalorando vermelho podre



pense agora na florestal frescura

do canto verdescuro da coruja



IV. papel

pastor:

sempre centro

de ovelhas iludidas



que ser?

nesta festa?

pastor? rebanho?



bom parece

nada

lobo talvez



espera-se a glória

dignidade muda

de ser pasto



V. temporal

cada gota alaga minha estrada

cada vento sopra minha vela

nado pela tempestade

nada à minha vela nego

escolho se apago ou se navego



VI. védico

sim a vida é um sonho de brahma

e a arte é o sonho dos vermes

(sonhos) que brincam na grama

Tadeu Paschoal

terça-feira, 5 de abril de 2011


Crescer as vezes dói, dói ao ponto de olhamos para o lado e ver o quanto uma cidade grande e pequena em relação a dor do crescimento, cres-cer cimento... so nos damos conta que crescer dói quando temos que acordar e escovar os dentes tendo feito uma cirurgia nos mesmos no dia anterior e estamos sós... sozinho, so-s inho, zinho.

cimento
so-s
cimento
zinho
zinho
cres-cer
cer- cres
mento

terça-feira, 8 de março de 2011

OS AMANTES

Quem os vê andar pela cidade
se todos estão cegos?
Eles se tomam as mãos: algo fala
entre seus dedos, línguas doces
lambem a úmida palma, correm pelas falanges,
e acima a noite está cheia de olhos.

São os amantes, sua ilha flutua à deriva
rumo a mortes na relva, rumo a portos
que se abrem nos lençóis.
Tudo se desordena por entre eles,
tudo encontra seu signo escamoteado;
porém eles nem mesmo sabem
que enquanto rodam em sua amarga arena
há uma pausa na criação do nada
o tigre é um jardim que brinca.

Amanhece nos caminhões de lixo,
começam a sair os cegos,
o ministério abre suas portas.
Os amantes cansados se fitam e se tocam
uma vez mais antes de haurir o dia.

Já estão vestidos, já se vão pela rua.
E só então,
quando estão mortos, quando estão vestidos,
é que a cidade os recupera hipócrita
e lhes impõe os seus deveres quotidianos.

Julio Cortázar

quarta-feira, 16 de junho de 2010


Tire suas sapatilhas chegou a sua hora bailarina...

"Então vieram os homens, quatro desta vez. Dois deles puseram os joelhos sobre nossos peitos, enquanto os outros dois enfiavam agulhas em nossas veias. Antes de cairmos outra vez no poço acolchoado de branco, ainda conseguimos sorrir um para o outro, estender os dedos para nossos cabelos e, com os indicadores e polegares unidos, ao mesmo tempo, com muito cuidado, apanhar cada um uma borboleta. Essa era tão vermelha que parecia sangrar."
Caio Fernado Abreu

quarta-feira, 2 de junho de 2010


O alcool nos deixa cada vez mais leves para nos espressar a respeito do nosso sentimento, do que estamos vivndo hoje, da nossa autonomia a respeito dos nossos pais....
Pois o que ganhamos quando ficamos mais velhos é apenas um ano a mais, o nosso respeito e a nossa informação a respeito do mundo e de tudo é construida com o passar dos tempos e com os nossos amigos... Obrigados a todos que me ajudaram!
Eu estou Bêbado não levem em consideração os erros de português!

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Fala do velho do restelo ao astronauta


Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.


( José Saramago )

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O instante
Inconcebível
Reflete
As máscaras
Que caem
Dos porcos!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

As coisas

As coisas têm peso, massa,

volume, tamanho, tempo,

forma, cor, posição,

textura, duração, densidade,

cheiro, valor, consistência,

profundidade, contorno, temperatura,

função, aprência, preço,

destino, idade, sentido.

As coisas não têm paz.

(Arnaldo Antunes

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

"A vida é um constate passar de fotos que chamamos de movimento."